terça-feira, 21 de abril de 2009

Comunicação e relação de ajuda no contexto profissional

Somos comunicação! É-nos impossível viver sem comunicar! Mesmo quando temos uma atitude evasiva para não comunicarmos, todo esse comportamento em si é comunicação! Também é impossível vivermos sem uma relação de cuidar. Vida implica Cuidados, logo, Saúde implica Cuidados.
Durante as aulas de “Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento Pessoal”, senti-me estimulada a reflectir sobre a relação que se estabelece entre as pessoas, a relação de cuidado que eu crio com as pessoas. Lembro-me de uma das nossas actividades de grupo, em que tínhamos de, sem comunicar verbalmente, ajudar o colega que estava a realizar uma actividade que não sabíamos de antemão qual era, já que havíamos permanecido fora da sala. Então, quando entrei na sala, deparei-me com a colega imóvel, a dirigir o olhar ligeiramente para baixo, sentada numa cadeira. Nos primeiros instantes senti-me impotente e questionei-me sobre que tipo de ajuda precisaria. Seguidamente tentei colocar-me no seu Lugar, no seu pensamento, e imaginar uma série de hipóteses. Ajoelhei-me a seus pés, tentando ir ao encontro dos seus olhos. Nada percebi… Toquei na sua mão com a esperança de ter algum feedback…
Com este exercício, cheguei à conclusão de que Cuidar implica uma relação de ajuda profissional baseada na comunicação. Citando Chalifour (2008):

“Num contexto profissional, a relação de ajuda consiste numa interacção particular entre duas pessoas, o interveniente e o cliente, cada uma contribuindo pessoalmente para a procura e a satisfação de uma necessidade de ajuda. Para tal o interveniente adopta um modo de estar e de fazer, e comunica-o de forma verbal e não verbal em função dos objectivos a alcançar. Os objectivos estão ligados ao pedido do cliente e à compreensão que o profissional tem dessa dificuldade.”

Ainda Chalifour:

“Assegurando-se em criar condições relacionais excelentes, o interveniente visa diversos fins, que podemos resumir do seguinte modo:
- favorecer a presença de um contacto físico (pelos sentidos) e de um contacto afectivo;
- assegurar que o cliente se sente compreendido e entendido;
- assegurar(se) que o serviço oferecido é personalizado e responde às expectativas do cliente;
- estabelecer um clima de confiança, de calor e de respeito;
- favorecer uma participação optimizada do cliente;
- fazer desta experiência relacional uma ocasião de aprendizagem e desenvolvimento para o cliente;
- utilizar de um modo adaptado a experiência relacional por forma que esta contribua para os efeitos terapêuticos pretendidos;
- em certas ocasiões servir de meio psicoterapêutico privilegiado, para melhor compreender relações traumáticas passadas ou mesmo, para as ‘reparar’ (…) ilustra o movimento psíquico observável ao longo de uma relação de ajuda profissional:
Estou interessado por ti.
Estou disponível para ti.
Confio em mim e confio em ti.
Tenho a coragem de olhar quem sou e o que vivo em relação a ti.
Aceito o risco de o partilhar contigo.
Reconheço-te diferente de mim.
Reajo aos teus modos de ser diferente.
Aproximo-me de ti e percebo melhor as nossas diferenças.
Deixo-te pleno de energia e aberto a outras experiências.”

É importante que o cliente se envolva e participe nas decisões que lhe dizem respeito. É importante que comunique connosco. É ele o principal responsável pela sua saúde e pode querer, ou não, ser ajudado.
Como escreve Riley (2004): “Quando uma pessoa é amável, ajuda, é sincera, aberta, afeiçoada e calorosa, torna-se num agente terapêutico, por pequeno que seja”.

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