terça-feira, 21 de abril de 2009

Será que cuidamos? Ou antes descuidamos?

Será que cuidamos? Ou antes descuidamos? Será que nós, enquanto indivíduos e enquanto enfermeiros, aplicamos o que foi até aqui abordado? E a generalidade do Ser Humano, será que cuida e tem promovido o Cuidar? Será que é e tem sido fomentado esse profundo desenvolvimento que nos traz a sensação de saúde e bem-estar pleno que mencionei anteriormente? Deixo-vos com alguns vídeos para vos ajudar a reflectir.

O Fim do Mundo em 60 Segundos

Pense Antes de Sujar o Ambiente

A Criança que Calou o Mundo por 5 Minutos

Estatuto da Criança e do Adolescente

Criança vê, criança faz. Dê o Exemplo!

Sometimes it takes more than medication

Todos sabemos que o mundo é comandado pela força do dinheiro. Falando do meu caso particular, durante a minha adolescência quase enveredei por caminhos muito pouco saudáveis! Vivia em Beja, os meus pais não eram propriamente ‘abastados’ e eu, sentido um grande desejo de aprender as artes como a representação, a música, o canto, etc., tive de optar por outras vias mais económicas: inseri-me num grupo religioso onde passava horas com jovens enérgicos, como eu, a fazer todo o tipo de actividades recreativas e culturais gratuitamente.
Num contexto mais alargado, seria talvez dispendioso demais para o Estado assegurar actividades culturais – como, por exemplo, visitas de estudo em grupo para os jovens e idosos – que favoreçam o crescimento pessoal dos cidadãos e o sentido de pertença a um grupo, bem como a promoção de estilos de vida saudáveis.
Os cuidados de saúde Primários, que deveriam ser alvo de franco investimento, são, como na maioria das situações, descurados. A própria Saúde é um negócio, sendo que a soma das receitas cobradas deve ser igual ou superior aos custos dos cuidados prestados. Existem interesses económicos e políticos de mercado (por exemplo, o mercado farmacêutico) e de organismos de sustentação financeira (como a Segurança Social, por exemplo). Como se pode ler na edição de Janeiro de 2009 do Jornal “Saúde”:

“Foi na saúde que os grandes grupos financeiros vislumbraram a mais importante área de negócio a explorar. Mas para tanto torna-se necessário retirar ao estado a parte rendível do Serviço Nacional de Saúde, tudo o que der dinheiro fácil, em particular tudo o que o estado se vê obrigado a pagar. Trata-se no fundo de um modo subtil de passar para os privados o dinheiro dos contribuintes, de todos nós. (…) Os medicamentos voltam a estar na berra. Cada vez mais caros e menos comparticipados.”

A saúde é entendida cada vez mais como um artigo de consumo que se pode comprar; entrou na lógica do mercado livre. Os medicamentos são objecto de um marketing desenfreado, como qualquer outro objecto de consumo. A forma de tratar da nossa sociedade é um processo em que os problemas não-médicos são tratados como médicos, havendo a “necessidade” de prescrição de medicamentos (consumismo). Os médicos e a indústria recompensam-se mutuamente pelas razões erradas, gerando um ciclo vicioso: “a indústria farmacêutica é a mais rentável de todas as indústrias lícitas, mais que a Banca, as telecomunicações e a informática.”
Todos conhecemos a corrupção que caracteriza as indústrias biotecnológica e farmacêutica: o uso de pessoas carenciadas como cobaias em ensaios clínicos (práticas sem ética) para desenvolver novos medicamentos nega as necessidades de saúde ao Terceiro Mundo.

Segundo Susan Wright (2001):

“Embora apoiando a Convenção sobre Armas Biológicas, o presidente Clinton sucumbiu às pressões das indústrias biotecnológicas e farmacêuticas. Em resumo, somente uma fracção das instalações de defesa biológica norte-americanas podia ser inspeccionada.”

Apenas 0,2% da investigação farmacêutica se dedica a doenças responsáveis por 25% das mortes no mundo. Apenas 1% dos medicamentos comercializados se dirige ao tratamento das doenças dos países em vias de desenvolvimento, porque a investigação destes fármacos não é economicamente rentável. A indústria farmacêutica dedica a recursos de marketing o dobro do que dedica à investigação e desenvolvimento.

Questiono-me se isto será Cuidar…

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